Projectos

Almada, Um Nome de Guerra

Mixed-media concebido por Ernesto de Sousa com música original de Jorge Peixinho, 1969–1972.
Projecções de filme (35 mm e 16 mm; preto e branco, e cor; sem som) e de diapositivos (preto e branco, e cor), variáveis entre apresentações; som (música gravada, com possível intervenção ao vivo de músicos, interpretação de textos e mistura de outras fontes sonoras); e material gráfico impresso (posters e autocolantes). Duração variável: 20–40' (versão reduzida) ou 240' (versão integral). 


Este trabalho tem sido, e será, muito difícil para mim, sobretudo tendo tido grandes dúvidas em descobrir como realizar aquilo que pretendo (e sobre isto é que já tenho muito menos dúvidas).
E porquê? Porque é um caso — para mim — de vida ou de morte…
Eu explico. Há duas razões fundamentais.

A primeira: O que me tem significado o encontro com Almada Negreiros. Que ele é talvez o Homem mais extraordinário que me foi dado conhecer, não adianta muito ao caso. Mas que nomeando-o descubro um NOME DE GUERRA para tudo ou muito do que mais me interessa fazer, isso é que sinto cada vez mais necessidade de manifestar. Correndo o risco das interpretações (literais e literárias) direi: aquilo que estamos preparando é sobretudo o resultado de uma meditação com o Almada, nome de guerra de uma modernidade que me interessa. Agora e aqui. E uma proposta para
outras meditações.

A segunda razão: COMEÇAR é a única coisa que me interessa (como o Almada Negreiros, precisamente). Comecei alguma coisa de importante com o Dom Roberto. (...)
Agora tento começar, e romper outro silêncio com este NOME DE GUERRA.
E começar é terrivelmente difícil.

Ernesto de Sousa, "Ainda não filmei as varinas todas: o anti-filme Almada, Um Nome de Guerra", Diário de Lisboa, 16 de Abril de 1970.


O filme foi originalmente produzido em película de 35 mm. Para facilitar a sua apresentação fora das salas de cinema convencionais, foi feita uma redução para película de 16 mm. Nas apresentações referidas, a edição e a montagem do filme eram feitas directamente a partir do positivo da cópia de 16 mm que era projectada.

A "versão completa", não realizada até 2012, previa o prolongamento das sessões a um convívio com ceia, discussão informal da obra de Almada Negreiros e do processo fílmico de Almada, Um Nome de Guerra; e ainda a venda de cartazes e restos de filme, de modo a gerar receitas para a continuação dos trabalhos e recuperação do capital investido. Sessões deste tipo seriam filmadas e posteriormente integradas no filme-em-processo. (Nota: uma versão completa foi realizada na Casa de Serralves em 6 julho 2012) 

Para além dos diapositivos elaborados a partir da experimentação gráfica com passagens do guião, foram incorporados neste mixed-media outros como os dos pormenores dos painéis de Almada Negreiros para o Cinema São Carlos, em Madrid, ou os produzidos para Luiz Vaz 73.
 

Guião do mixed-media, realização e montagem do filme por Ernesto de Sousa.
Direcção de fotografia de Manuel Costa e Silva.
Assistência de realização de Carlos Gentil-Homem (filmagens) e Fernando Curado Matos (montagem da versão apresentada em 1983).
Música de Jorge Peixinho, interpretada pelo Grupo de Música Contemporânea de Lisboa (Carlos Franco, António Reis Gomes, Clotilde Rosa, Lopes e Silva, Jorge Peixinho, Júlio Campos, Alejandro Ramirez, António Oliveira e Silva, Lúcia Afonso, Helena Cláudio).
Gravação de som por Antero Gabão, Alexandre Gonçalves e Fernando Pires.
Direcção Gráfica de Carlos Gentil-Homem.
Diapositivos com fotografia de Ernesto de Sousa e orientação gráfica de Carlos Gentil-Homem.
Produzido por Isabel Alves e Ernesto de Sousa.
Apoio do Instituto Português do Cinema.
Colaboração da Comissão de Apoio ao filme Almada, Um Nome de Guerra; da oficina Colorprint (Londres) e do Estúdio Quid (Vigo); da Cooperativa Diferença e dos artistas que
contribuíram com oferta de trabalhos leiloados para financiamento do filme.

Apresentado em “versão reduzida”:
Galeria Nacional de Arte Moderna, Lisboa, Julho de 1979.
Fundación Juan March, Madrid, Dezembro de 1983.
Fundación Joan Miró, Barcelona, Fevereiro de 1984.
Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Setembro de 1984.