Notícias

Ernesto de Sousa e os Primitivos Portugueses

Manuel Batoréo, Edição Caleidoscópio, Lisboa.
Lançamento no Museu Nacional de Arte Antiga, a 27 de Novembro de 2011.

Excerto do prefácio de Os "Primitivos Portugueses" e a Gravura do Norte da Europa:

Já lá vão cerca de cinco décadas quando o meu amigo Ernesto de Sousa, numa daquelas conversas que tínhamos habitualmente na cave do desaparecido Café Martinho, bem junto ao Rossio, me despertou a atenção para qualquer coisa que, em idade bastante juvenil, não me teria ocorrido. Mostrava-me o Zé Ernesto uma estampa que, dizia ele naquele tom entusiasmado com que sempre falava de artes plásticas e de cinema, era a mesma imagem de uma pintura do Museu Nacional de Arte Antiga. Uns dias depois, em visita às Janelas Verdes, tivemos um encontro com o então director, Dr. João Couto, que se mostrou muito interessado no assunto, comentando que ainda devia haver mais casos desses. (...) Tratava-se de um trabalho que vinha na sequência de um ensaio, até hoje não publicado na sua integralidade, sobre a influência da gravura [de Dürer] na pintura do mestre viseense [Vasco Fernandes], um primeiro passo para o estudo que agora apresentamos com a extensão e a profundidade que a passagem do tempo e alguns ensaios entretanto realizados foram permitindo. Recordo ainda que, ao tempo da conversa acima referida, Dagoberto Markl lamentava a incompreensão de um conhecido colega para esta vertente dos estudos da História da Arte, de quem chegou a ouvir o comentário interrogação: “o que é que isso interessa?”.
Veio, então, à memória a conversa havida com o Ernesto de Sousa e, logo, a ideia de tentar estabelecer um corpus de pinturas portuguesas do Renascimento que revelassem a utilização de fontes gravadas.