Projectos

Barristas e Imaginários: Quatro Artistas Populares do Norte

Livraria Divulgação, Lisboa, Maio–Junho de 1964.
Exposição de arte popular, com curadoria de Ernesto de Sousa, integrada no ciclo de Etnologia e Cultura Popular organizado pelas Secções Culturais das Associações de Estudantes.

Com obras de Mistério, Rosa Ramalho, Quintino Vilas Boas Neto e Franklin Vilas Boas.
No âmbito deste ciclo, Ernesto de Sousa apresentou o texto Barristas e Imaginários.


De um modo geral, uma das principais características de todo e qualquer artista popular é este sentimento de um começo absoluto, de uma imediata e total produção de si próprio nas coisas externas. O artista popular (...), mesmo conformando-se estreitamente com a tradição, como geralmente acontece, age com a espontaneidade do demiurgo: é um criador de objectos com actividade própria e poder imediato de transformação do mundo. Do seu espírito está ausente a abstracção alegórica, como qualquer preocupação de canône formal. A noção abstracta de harmonia é-lhe estranha, pois que ele nada produz que não seja imediatamente harmónico consigo próprio, com os seus hábitos e entendimentos do quotidiano, como com os seus desejos e aspirações de futuro. (...) Não se trata nunca, como alguém disse a propósito da exposição de arte popular "Barristas e Imaginários", que organizámos recentemente, de uma imitação. (...) A arte popular não tem que se manter em moldes fixos, como seria injusto querer manter a condição social do camponês.

Ernesto de Sousa, "Conhecimento da Arte Moderna e Popular", Arquitectura, n.º 83, Setembro de 1964.