Projectos

Alternativa Zero

Galeria Nacional de Arte Moderna, Lisboa, Fevereiro-Março de 1977.
Programa de exposições e eventos concebido e organizado por Ernesto de Sousa.

Para além da exposição "Tendências Polémicas da Arte Portuguesa Contemporânea", realizaram-se, na Galeria Nacional, uma exposição documental sobre os "Pioneiros do Modernismo em Portugal" e uma exposição de cartazes com o tema "A Vanguarda e os Meios de Comunicação".

Houve ainda várias acções e performances, programadas ou espontâneas, debates, projecções de filmes e vídeos, concertos de música experimental (Jorge Peixinho e Anarband) e performances, de onde se destaca a apresentação de duas peças do Living Theatre pela primeira vez em Portugal (Sete Meditações Políticas Sado-Masoquistas em Lisboa no Museu de Arte Antiga, no Porto e em Coimbra; e Love Piece na Sociedade Nacional de Belas-Artes e nas ruas de Lisboa e do Porto).

A "perspectiva crítica" foi a principal característica inovadora, para o nosso meio, de "Alternativa Zero": uma perspectiva crítica. (...) Desde essa época [das exposições "Do Vazio à Pró Vocação" e "Projectos-Ideias"] (e em quase total independência relativamente aos chamados "vanguardismos internacionais") comecei a considerar que produzir uma exposição poderia ser o equivalente à produção de uma obra de arte; colectiva, bem entendido, o que coincide de resto com o mais nobre destino da actividade estética ("a poesia deve ser feita por todos").  (...) A novidade de "Alternativa Zero" é que ela traduzia sem ambiguidades uma concepção (...). Militante, mas cultural. Isto, o mais política possível; o menos partidária possível.

Ernesto de Sousa, "Uma criação consciente de situações", Colóquio-Artes, n.º 34, Outubro de 1977.


A "Alternativa" era um grande zero, era necessário começar [depois do 25 de Abril]. A exposição "Alternativa Zero" que organizámos em 1977 (sempre como obra de arte) foi um esforço perspectivo e prospectivo desse estado de coisas. Foi uma espécie de balanço: o que temos, o que podemos ter? Havia obras reconstituídas com mais de dez anos, havia quem expusesse pela primeira vez. (...) os mais velhos a quem se propôs (e que fizeram) um repensar do seu trabalho; e a participação de alguns portugueses que haviam trabalhado ou continuavam a trabalhar no estrangeiro.

Ernesto de Sousa, "Uma Alternativa Zero" (texto inédito para a revista Canal), 1980.


Participaram na exposição "Tendências Polémicas da Arte Portuguesa Contemporânea":
Alberto Carneiro, Albuquerque Mendes, Álvaro Lapa, Alvess, Ana Hatherly, Ana Vieira, André Gomes, Ângelo de Sousa, António Lagarto & Nigel Coates, António Palolo, António Sena, Armando Azevedo, Artur Varela, Clara Menéres, Constança Capdeville, Da Rocha, E. M. de Melo e Castro, Ernesto de Sousa, Fernando Calhau, Graça Pereira Coutinho, Helena Almeida, Joana Almeida Rosa, João Brehm, João Freire, João Vieira, Jorge Peixinho, Jorge Pinheiro, José Carvalho, José Conduto, José Rodrigues, Júlio Bragança, Julião Sarmento, Leonel Moura, Lisa Santos Silva, Manuel Casimiro, Mário Varela, Noronha da Costa, Pedro Andrade, Pires Vieira, Robin Fior, Salette Tavares, Sena da Silva, Túlia Saldanha, Victor Belém e Victor Pomar.